26 de março de 2011

Sporting - As eleições e a comunicação!

Amanhã decorrem as eleições para a presidência do Sporting, que envolveram a participação de várias agências e profissionais da área da comunicação. O M&P pediu, no início da semana, a Alda Telles uma análise sobre a campanha eleitoral. A responsável pela Fonte chegou a ser responsável pela comunicação da candidatura de José Braz da Silva à presidência do Sporting, que entretanto abandonou a corrida.

Meios & Publicidade (M&P): Os principais candidatos contam com ajuda de profissionais da comunicação. Nota-se o dedo dos consultores de comunicação no discurso dos candidatos, nos materiais de campanha ou na forma como a campanha está a decorrer?

Alda Telles (AT): Podemos considerar três as campanhas “profissionais”: Godinho Lopes, Pedro Baltazar e Bruno Carvalho. Todas elas aliás explicitamente apresentadas com as suas respectivas agências e profissionais de comunicação.

M&P: Do ponto de vista da comunicação, como avalia o desempenho desses três candidatos?

AT: Curiosamente, o candidato mais frágil à partida, Bruno Carvalho, foi aquele que melhor observou os três elementos centrais de uma campanha eleitoral: mensagens constantes, coerentes e crescentes. Para além de uma presença televisiva forte, assertiva e beneficiado por uma voz potente, Bruno Carvalho soube gerir o crescendo das “revelações”da candidatura, jogando as cartas mais fortes no final, com grande consistência ao longo do processo. Foi ganhando uma dinâmica positiva crescente na proporção inversa ao candidato favorito à partida, Godinho Lopes.

M&P: E Godinho Lopes e Pedro Baltazar?

AT: Esperava-se de Godinho Lopes uma caminhada triunfal durante a campanha. Na realidade, esta ficou muito aquém das expectativas e das potencialidades do candidato. De longe o mais bem preparado, deixou alterar o seu posicionamento de “candidato da mudança” para “candidato do sistema” e teve erros técnicos, como não conseguir seguir um fio condutor. Do ponto de vista formal, a campanha de Pedro Baltazar pareceu-me a mais consistente e a mais eficaz em termos da concretização, com uma imagem muito bem conseguida, e um bom plano de media nas redes sociais (resultado natural do universo profissional do candidato). No entanto, entrou tarde demais e não conseguiu a dinâmica desejada.

M&P: Os media têm dedicado bastante atenção às eleições. Como avalia o trabalho que têm estado a fazer?

AT: Há uma nota muito relevante: os media reagiram de forma muito positiva às tentativas de campanha “subterrânea”. Na realidade, foi dado muito pouco eco a esta abordagem pelo lado mais negro. Os meios desportivos parecem-me, em geral, muito equilibrados na cobertura das diversas candidaturas e dão primazia aos conteúdos programáticos em detrimento da “petite histoire” ou dos “dossiers sujos”.

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