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skateboarding yoof
Zion (for Iranians, oh no…)
Esta é uma pequena amostra da controvérsia gerada em torno do
logótipo concebido pela Wolff Olins para os Jogos Olímpicos de Londres
2012. Não é o primeiro caso, a mascote Cobi, de Mariscal, para os Jogos
Olímpicos de Barcelona 1992, um cachorro de face dúbia, gerou uma onda
de indignação. Eu próprio não gostei da chacota que Conan O´Brien fez
com o casal de mascotes, Neve e Gliz, que criei para os Jogos Olímpicos
de Inverno de Turim 2006. É quase impossível um ícone de grande
amplitude mediática agradar a todos e é natural que, numa época
caracterizada pela democratização da opinião, surjam ondas de criticismo
popular, mais ou menos leviano, até porque agora toda a gente é
criativa ou jornalista (especialmente no Facebook e no Twitter)
levando-me a concluir que, afinal, a democracia é foleira.
Há quatro anos, quando este logótipo foi apresentado não me agradou.
Agora que, a poucos dias do ínicio dos Jogos, o M&P me pediu um
artigo sobre ele, encontro-me novamente a contemplá-lo com a intenção de
o defender, de descobrir algo mais que me tenha escapado, mas volto a
não gostar. Aplico o princípio da designer Mary Lewis, “first catch the
eye, then the heart, then the mind”, só que não passo do primeiro nível.
Faço
batota e passo directo ao terceiro, “the mind”, lendo a justificação
conceptual da Wolff Olins, “um repto às pessoas a se desafiarem a si
próprias, a experimentarem coisas novas, a irem mais longe e a
descobrirem novas possibilidades”. Nesse sentido, este símbolo olímpico é
definido como “ousado e não convencional, deliberadamente audaz e
inesperadamente dissonante”, exprimindo Londres e o espírito olímpico,
pela atitude e não por algum tipo de conotação icónica à cidade ou ao
desporto “the emblem shows that the Games are more than London, more
than sport.”
Então, se o novo, o não convencional e o inesperadamente dissonante
são o drive, se o que importa é estar para além de Londres e do que
desporto, o que é que fica? O que é que vemos ou sentimos neste
logótipo? Quando não há referência simbólica percebida (2012, por si só,
não é distintivo de nada em particular) resta-nos o prazer do olhar,
formas e cores em harmonia com o nosso sentido de organização do caos
(efeito Gestalt) que justificam o valor da abstracção e ao qual chamamos
estética. Dois exemplos disso na arte, Mondrian e Rothko, dois exemplos
disso nas marcas, Nike e Deutsche Bank. Mas nem no campo da pura
abstracção estética, destituída de sentido figurativo, este logótipo nos
dá prazer no olhar. Tudo o que temos é um monte de fragmentos
volumosos, um símbolo visual que requer explicação, já que sem esta ele
anda à deriva do que cada um possa pensar. Ora, um símbolo sem foco
deixa de o ser e a diferença pela diferença é apenas pretenciosismo.
Esperava-se mais da cidade criativa de Vidal Sassoon, Neville Brody,
Paul Smith, Alexander McQueen, Vivienne Easwood… Visionários assim
criaram a tal diferença proclamada pela Wolff Olins, mas com substância,
conferindo a Londres uma identidade distintiva, simultaneamente
conservadora, pop, excêntrica e visionária.
De qualquer modo, um logótipo é apenas uma síntese visual de um
universo de experiências, a marca, sendo que em muitos casos não
constitui o elemento com maior destaque. Por exemplo, a garrafa da
Coca-cola assume maior protagonismo que o logótipo da marca e o mesmo
acontece com o nosso eléctrico amarelo em relação ao símbolo da Carris.
Nesse sentido, prefiro analisar os logótipos desdobrados numa
experiência multifacetada, em coerência com um conjunto de códigos de
marca de amplitude multissensorial que incluem tipografia, cores,
imagens, sinais, textos, filmes, sons e materiais. Como até agora não
detectei algo de particularmente relevante quanto ao desdobramento de
aplicações deste logótipo, vou dar o benefício da dúvida enquanto
aguardo pelo começo dos Jogos.
Deixei para o fim o aspecto que considero mais positivo neste
logótipo, o facto de ser o mesmo dos Jogos Paraolímpicos, contrariando a
convenção de cada um dos eventos ter a sua própria identidade visual.
Aqui sim, temos o melhor sinal de agregação dos povos e do espírito
olímpico, porque há atitudes que fazem mais por uma marca que certos
logótipos.
Artigo de opinião de Pedro Albuquerque, partner da Albuquerque Designing Business
Fonte: Meios e Publicidade
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